manifesto
Este blog surgiu da necessidade que sentimos, enquanto alunos de arquitectura, de nos fazermos ouvir, uma vez que a resolução de muitas das nossas dificuldades e problemas diários ficam-se pelas boas intenções e discursos pomposos da hierarquia que nos orienta e perde-se na atribuição de responsabilidades a terceiros.
Desta forma, este blog pretende ser a voz de todos os alunos que mensalmente pagam uma propina elevada, para obterem um serviço de “qualidade” que nem sempre corresponde à realidade, apesar da imagem de aparente “perfeição” que os responsáveis fazem passar para o exterior.
Aqui, não se pretende denegrir a imagem ou bom nome de ninguém, mas sim alertar as consciências para a necessidade de se tomarem atitudes.
Como alunos da Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão, queremos que esta instituição nos prepare devidamente para o futuro, valorizando a pedagogia e a formação em detrimento do lucro.
Estamos cientes de que não existem sistemas de ensino perfeitos, mas nesta universidade poder-se-ia fazer mais e bem melhor.
Assim, aqui pretendemos manifestar o nosso olhar crítico sobre o nosso quotidiano como alunos.
Não queremos o capricho e a hipocrisia; não queremos a arrogância nem o autoritarismo cego; não queremos a aparência nem os “diplomas”; não queremos burocracias nem supostas “boas intenções”… queremos sim um ENSINO DE QUALIDADE.
Viemos de muitos sítios, com diferentes preparações e experiências, e esta universidade que nos cobra mensalmente um elevado valor, tem que nos preparar devidamente para o futuro proporcionando-nos um percurso de aprendizagem coerente e ajustado à realidade.
Ao colocar requisitos de acesso, a universidade tem a obrigação de possuir as devidas condições e meios para que todos os alunos que ingressam, que se empenham e esforçam sejam devidamente avaliados. Na verdade, o que se verifica é que as portas da universidade estão sempre abertas e prontas para receber mais alunos, assim como mensalmente as portas da secretaria/tesouraria, no entanto no nosso dia-a-dia apercebemo-nos de graves lacunas a nível da organização pedagogia resultantes da falta de coordenação e diálogo entre os responsáveis pela administração e pela formação do curso.
Todos nós queremos um ensino de qualidade, foi por isso, que optamos por esta universidade e é por esse motivo que mensalmente pagamos 300€. Não colocamos em questão esta quantia mas sim o destino que estas receitas tomam como investimento na nossa formação. Estima-se que existam neste momento, cerca de 600 alunos inscritos no curso de arquitectura nesta universidade, façamos as contas:
600 alunos x 300€ = 180.000€ (cerca de 36 mil contos) por mês;
18000€ x 11 mensalidades = 1.980.000€ (cerca de 397 mil contos) por ano. Olhemos à nossa volta e vejamos que custos é que existem que absorvam esta receita….será que as despesas com as instalações e vencimentos de professores e funcionários correspondem a esta quantia?! Tudo na universidade é pago: fotocópias, impressões, estacionamentos, refeições, transportes….será que este valor não é suficiente para pagar em ensino de qualidade?!
Como alunos estamos cansados de ver que a nossa faculdade poderia ser bem melhor e que por razões e motivos que nos ultrapassam tal não é possível..
Existem bons profissionais nesta instituição que dignificam e valorizam o ensino, mas existem de igual modo outros tantos que estragam e obstruem o pouco que de bom existe.
Ao avaliarmos o sistema existente verificamos que a universidade não está preparada para “escancarar” o acesso da forma que o faz, nem para leccionar em regime de pós-laboral e nem para aplicar o processo de Bolonha.
Como é possível criar-se um regime pós-laboral, em que nas exigências efectuadas não são tidas em conta que os alunos que frequentam este regime são trabalhadores que têm uma profissão?! É inadmissível que os alunos para responderem as exigências, sejam obrigados a faltar ao trabalho, não dormirem e em muitos casos despedirem-se ou serem despedidos… Isto para não referirmos algumas “acrobacias” administrativas que misturam turmas de regimes diferentes no mesmo horário. Classificamos este regime como sendo “publicidade enganosa”, porque o regime não é pós-laboral, mas nocturno com prolongamento de aulas até ao sábado de manhã.
Decorrido um semestre, verificamos que a aplicação do processo de Bolonha, veio acentuar ainda mais o abismo existente entre os bons e maus pedagogos, entre os professores que são mestres e modelos para muitos de nós e os que se refugiam atrás da indefinição pedagógica que Bolonha trouxe para leccionarem ainda menos. Bolonha só resulta se existir uma perfeita interligação entre as várias unidades curriculares do curso. Enquanto tivermos professores regentes e auxiliares cada qual a exigirem diferentes trabalhos em vez de concorrerem para uma meta conjunta e um objectivo comum, só teremos cargas de trabalhos duplicados e aulas expositivas sem sentido algum. Com Bolonha verificamos que o volume de trabalhos a apresentar aumentou, porque nas aulas existem alguns professores que se limitam a avaliar e não a leccionar. Em alguns casos passamos a ter avaliadores em vez de professores. Como é que um aluno consegue responder em pleno ao que lhe é pedido se o professor se limita apenas a avaliar?
Juntemos um acesso que pouco ou nada restringe a entrada no curso, um corpo de docentes desmotivado e desmotivador, um sistema de ensino mais lucrativo do que pedagógico, uma universidade que pouco oferece em relação ao que se paga e o resultado é um ensino que todos nós gostaríamos de ver melhorado, porque queremos e exigimos um ENSINO DE QUALIDADE.
E tu? Que pensas sobre isto? Faz-te ouvir deixa o teu comentário a este artigo ou envia o teu texto para posterior publicação para manifesto_lusiada@hotmail.com (anonimato assegurado)
Passa a palavra e juntos como alunos manifestemos a nossa opinião.